Interpretação de Texto: A festa do Folclore


Interpretação de Texto: A festa do Folclore - 6.º ano

Interpretação de Texto:

A festa do Folclore


            No mundo das lendas e dos mitos do Brasil havia um grande alvoroço. Estava chegando o dia de festejar o Folclore brasileiro. A preparação estava acelerada. A Mula–sem–cabeça, agitada, preparava as bandeirinhas coloridas, o Saci–Pererê, que havia prometido ajudar, fazia suas peraltices trançando as crinas dos cavalos das fazendas, o que deixava os fazendeiros furiosos. Quando se lembrou da promessa, correu para ajudar a Mula a enfeitar o terreiro. Com seu cachimbo vermelho, soltando grandes baforadas, ele dizia:
            – Cumade Mula–sem–cabeça, eu num sei si vai chegá muita gente pra essa cumemoraçãu. Hoji tá tudo tão isquisito! – A Mula–sem–cabeça, cortando as bandeirinhas, perguntou:
            – Pur causa di quê, cumpadi?
            – Minina, tu num sabi não? U pessoar dessi país anda inventandu umas festanças qui eu num sabia qui inxistia. Um tar de Dia das Bruxas. Ocê cunhece, aqui nu Brasir, essa tar de Bruxa?
            – Nunca ouvi falá di tar sinhora. – respondeu a Mula–sem–cabeça.
            Foi neste momento que chegou o Boitatá com seus grandes olhos de fogo e ouviu boa parte da conversa.
            – Mi disse u meu amigu lubisome, qui é dama da terra dus gringus. Eli tamem num sabi pruque insinam as crianças a festejá um custume qui nãu é du povu brasilero.
            Estavam nesta conversa animada quando chegou o Curupira. Como ele é o protetor das matas e da caça, trazia a carne para o churrasco que não deve faltar em qualquer festa. Chegou o Lobisomem avisando que antes do sol nascer ele teria de voltar para casa. Uns minutos depois, tocou uma corneta no meio do rio: era a Mãe d’água, a Uiara, que vinha numa canoa enfeitada com muitas flores brancas para participar da festa. O Negrinho do Pastoreio veio lá do Rio Grande do Sul montado num cavalo baio.
            E prepararam tudo para a festa do Folclore no dia 22 de agosto. O terreiro estava lindo. O trabalho dos personagens folclóricos ficou perfeito. Faltava a luz para iluminar tudo, pois chegariam muitas crianças. A Mãe d’água deu a ordem:
            – Dona Mula–sem–cabeça, acenda as tochas com o seu fogo!
            – Sim, rainha das águas. – Ela obedeceu. O terreiro ficou claro como o dia. E começou a chegar a meninada. As crianças foram sentando e, curiosas, perguntavam, umas às outras, como seria o saci, o boitatá, o lobisomem. Elas nunca viram nenhum deles. Os acompanhantes das crianças organizam filas, dividiam–nas por idade e tamanho antes de abrir a cortina do palco. Todo mundo sentado, abriu–se a cortina e o Saci apareceu. As crianças bateram palmas e diziam:
            – Ele é igualzinho como nos livrinhos de histórias.
            – Vejam, o gorro vermelho e o cachimbo. É tudo igualzinho.
            O Saci se curvou para agradecer e disse em voz alta:
            – Mininada, vai cumeçá a festa du folclore! Pra iniciá, vem aí a Mãe d’água! – e estendeu o braço apontando para a Uiara, com seu vestido branco e azul, bordado com estrelas brilhantes. Ela cantou, lindamente, a canção de amor que enfeitiça os pescadores, levando–os para o fundo das águas onde ela mora. Depois foi a vez do Boitatá, grande cobra de fogo. Ele é o gênio protetor dos campos e carrega consigo o orgulho de ter sido citado pelo padre José de Anchieta, como personagem de mito indígena. Foi aplaudidíssimo.
            O Curupira, com seus pés para trás, sentou no chão do palco e narrou as suas aventuras em defesa das matas e dos animais.
            – Muito bem! Gritavam as crianças. O mesmo fez o Lobisomem com relação a sua história. Era o oitavo filho de mãe que teve sete filhas, por isso ele virava lobisomem nas noites de lua cheia. As crianças ficaram com peninha dele.
            – Coitadinho! Murmuravam. Depois foi a vez do Negrinho do Pastoreio. A história dele é muito bonita, pois Nossa Senhora o salvou dos maus tratos que ele sofria na fazenda. Os olhos da garotada ficaram cheios de lágrimas de tanta emoção.
            – Ainda bem que Nossa Senhora cuida das criancinhas! – disse uma delas enxugando os olhos com a manga da blusa.
            Conhecida a lenda de todos, imediatamente, o Saci anunciou a segunda parte da festa. Era o momento das cantigas e das danças. E como foi bonito ver as crianças, vestidas com roupas alusivas à data, cantando e dançando, mostrando a riqueza do folclore do Brasil.

Maria Hilda de Jesus Alão, Recanto das Letras, em 20/06/2006, Reeditado em 21/04/2011.

EXERCÍCIOS INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

QUESTÃO 01 – Quais foram os personagens do Folclore que participaram da festa?

QUESTÃO 02 – Quem organizou a festa?

QUESTÃO 03 – A festa ocorreu de dia ou à noite? Justifique:

QUESTÃO 04 – Quem é “𝐚 𝐝𝐚𝐦𝐚 𝐝𝐚 𝐭𝐞𝐫𝐫𝐚 𝐝𝐞 𝐮𝐧𝐬 𝐠𝐫𝐢𝐧𝐠𝐨𝐬”?
A) Iara
B) Bruxa
C) Mula–sem–cabeça
D) Meninada

QUESTÃO 05 – A carne para o churrasco foi trazida pelo:
A) Boto
B) Curupira
C) Saci
D) Lobisomem

QUESTÃO 06 – No texto, o adjetivo 𝐀𝐆𝐈𝐓𝐀𝐃𝐀 foi usado para dizer como estava:
A) o Saci
B) a meninada
C) a Mula–sem–cabeça
D) o Lobisomem

QUESTÃO 07 – Localize as frases abaixo e escreva a quem se referem os pronomes destacados:

A) “soltando grandes baforadas, 𝐄𝐋𝐄 dizia” (1.º parágrafo).

B) “– Cumade Mula–sem–cabeça, 𝐄𝐔 num sei si vai chegá muita gente pra essa cumemoraçãu.” (2.º parágrafo).

C) “– Minina, 𝐓𝐔 num sabi não?” (4.º parágrafo).

D) “– Sim, rainha das águas. – 𝐄𝐋𝐀 obedeceu.” (11.º parágrafo).

CORREÇÃO DOS EXERCÍCIOS
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

QUESTÃO 01 – Quais foram os personagens do Folclore que participaram da festa?
Os personagens do Folclore que participaram da festa foram: Mula-sem-cabeça, Saci Pererê, Boitatá, Lobisomem, Curupira, Uiara e Negrinho do Pastoreio.

QUESTÃO 02 – Quem organizou a festa?
A festa foi organizada pelas Lendas Folclóricas.

QUESTÃO 03 – A festa ocorreu de dia ou à noite? Justifique:
A festa ocorreu à noite, pois o lobisomem só aparece de noite e tiveram que acender tochas. De acordo com o texto:

            "Chegou o Lobisomem avisando que antes do sol nascer ele teria de voltar para casa."

            "Faltava a luz para iluminar tudo, pois chegariam muitas crianças. A Mãe d’água deu a ordem:
            – Dona Mula–sem–cabeça, acenda as tochas com o seu fogo!".


QUESTÃO 04 – Quem é “a dama da terra de uns gringos”?
A) ( ) Iara
B) ( X ) Bruxa
C) ( ) Mula–sem–cabeça
D) ( ) Meninada.

QUESTÃO 05 – A carne para o churrasco foi trazida pelo:
A) ( ) Boto
B) ( X ) Curupira
C) ( ) Saci
D) ( ) Lobisomem.

QUESTÃO 06 – No texto, o adjetivo AGITADA foi usado para dizer como estava:
A) ( ) o Saci 
B) ( ) a meninada
C) ( X ) a Mula–sem–cabeça 
D) ( ) o Lobisomem

QUESTÃO 07 – Localize as frases abaixo e escreva a quem se referem os pronomes destacados:

A) “soltando grandes baforadas, ELE dizia” (1.º parágrafo).
Ele = o Saci Pererê

B) “– Cumade Mula–sem–cabeça, EU num sei si vai chegá muita gente pra essa cumemoraçãu.” (2.º parágrafo).
Eu = o Saci Pererê

C) “– Minina, TU num sabi não?” (4.º parágrafo).
Tu = a Mula-sem-cabeça

D) “– Sim, rainha das águas. – ELA obedeceu.” (11.º parágrafo).
Ela = a Mula-sem-cabeça

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